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Estudo pode revolucionar o tratamento para diabetes

09:32:00 0 Comments A+ a-


Cientistas americanos anunciaram nesta quarta-feira a descoberta de uma proteína capaz de criar células que secretam insulina, o hormônio que regula o nível de glicose no sangue. Como todas as pesquisas relacionadas ao diabetes, a equipe do Instituto Salk, na Califórnia (EUA), tentou primeiro converter células- tronco embrionárias em células beta funcionais, mas não teve sucesso. Até agora, todos os estudos paravam neste ponto, por que o resultante eram células beta imaturas, incapazes de secretar insulina.
Desta vez, porém, o biólogo molecular Ronald Evans conseguiu superar este obstáculo: em um experimento com ratos, ele identificou a proteína ERR-gama, e a acrescentou às células beta imaturas. Com isso, obteve células funcionais.
Depois, o pesquisador percebeu que a quantidade dessa proteína era muito maior em células funcionais do que nas imaturas, acelerando o crescimento das mitocôndrias - organela responsável pelo metabolismo da glicose e a síntese de energia do organismo. Era como se o motor produtor da insulina tivesse sido "ligado".
-Encontramos o elemento que faltava para a produção de células beta humanas robustas e funcionais, e que pode levar a um novo tratamento para a diabetes - conta Evans, que publicou seu estudo na revista "Cell Metabolism". - Superamos um grande bloqueio.

Produção rápida de energia

De acordo com o pesquisador, a ERR-gama tem ação importante em diversos tipos de célula, como as musculares e as cerebrais, já que permite a produção rápida de energia.
-Quando eliminamos esta proteína dos animais, a resposta à glicose é importante para conseguirmos uma célula beta funcional - explica Evans. -Esta produção poderá ser ininterrupta. É uma nova era no tratamento do diabetes.
Professora de pós-graduação de Endocrinologia da PUC-Rio, Isabela Bussade acredita que a pesquisa "acrescenta mais uma peça no quebra-cabeças da terapia molecular do diabético". Os beneficiados, avalia, são os portadores do diabetes tipo 1, que corresponde a aproximadamente 5% dos diabéticos do mundo. 
-Os pacientes com diabetes tipo 1 não têm células beta funcionais e precisam de uma aplicação diária de insulina. A terapia proposta na pesquisa, se for desenvolvida, pode suprir esta necessidade - explica. -O diabetes tipo 2 não é ligado a deficiências na produção de insulina, e sim a resistência da ação desse hormônio;

'É como um transplante'

O diagnóstico é confirmado por Ana Carolina Nader, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia no Rio (SBEM-RJ):
 -A maior dificuldade do diabetes tipo 1 é que ele destrói as células beta. A partir deste estudo, podemos pensar em modos de reinseri-las no organismo. É como se fosse um transplante de um órgão novo - compara Ana, que também é endocrinologista no Hospital Federal dos Servidores do Estado. -Mas ainda falta estudar se este procedimento terá um resultado definitivo ou se, depois de um tempo, o organismo pode rejeitar essas células.
Ana Carolina destaca por que a cura do diabetes sempre passou pela maior compreensão sobre o potencial das células-tronco embrionárias:
-Como estas células têm capacidade de se transformar em qualquer tecido, acreditava-se que elas seriam capazes de curar qualquer doença. No diabetes, porém, isso nunca se confirmou. Só conseguíamos células beta que não eram funcionais - destaca. - Agora finalmente descobrimos que esta proteína é fundamental para a ação celular, devido a sua reação ao nível de glicose no sangue.
Para Michael Downes, coautor do estudo, o avanço resultará em uma resposta mais bem controlada da insulina do que a disponível atualmente.
-Antes não se sabia nada sobre o processo de maturação das células beta. Procuramos em uma caixa preta e agora sabemos que está ali - diz ele, que classifica a técnica como fácil, rápida e barata.
Na semana passada, a Organização Mundial de Saúde divulgou um relatório alertando que o número de diabéticos no mundo é quatro vezes maior do que em 1980. O número de casos da enfermidade aumento principalmente nos países em desenvolvimento. No Brasil, existem cerca de 16 milhões de diabéticos.

Biomédica formada pela Universidade Federal de Goiás